segunda-feira, 8 de junho de 2015

Parem de racionalizar os sentimentos o tempo todo!


Longe de mim querer falar mal de um tema tão necessário como a do Caso Boticário, mas precisamos realmente que as lógicas de mercado e consumo sejam as protagonistas de um pé na porta da sociedade hipócrita e homofóbica que vivemos? Tudo o que acontece com a loja de perfumes parece ter sido milimetricamente elaborado, desde o fato de que o dito casal gay não se beija, o que ajuda a levantar pensamentos dúbios de que não é "coisa de viado" no cristão comum mas é um casal com olhares carinhosos o bastante para serem defendidos com unhas e dentes pela bandeira LGBT. As Hashtags estavam prontas e os memes com o logotipo da empresa pipocam. Antes de qualquer coisa, se tornou um bom negócio, se tornou lucrativo defender uma causa. Sabe-se lá o que vem por aí.

Mas isso é apenas uma ponte para um desabafo a ser feito. Quando eu venho aqui falar de relacionamentos, enquanto publicitário ~de esquerda~ não estou usando de conceitos de vendas. Eu só quero desabafar e fazer umas piadinhas no processo. E fazer uns inimigos ocasionalmente, que, por exemplo, vem me acusar de querer ostentar que peguei 50 pessoas na vida por causa de um texto. Queria entender como funciona a lógica de ostentar quando não se escreve com o verdadeiro nome (boom!). E já são 66 pessoas e contando, isso sim é ostentação. Enfim, não trato de relacionamentos profissionalmente, mas parece que muita gente parece dedicada a tirar diploma de pós-doutorado em relacionamentos nessa grande faculdade chamada internet, onde nem precisa de ENEM para entrar.Eu só quero que vocês riam junto comigo da minha própria cara, quando eu escrever um texto sobre como a menina #66 não parava de me abraçar e beijar no carro depois da nossa primeira noite e três dias depois dizia que não daria certo a gente ficar mais, sem nem ao menos explicar o porquê.

Há quem citaria Freud e talvez até outros filósofos como Lacan e Lulu Santos para explicar as atitudes da menina ("as ondas vem e vão, e vão e são como o tempo"). Eu no máximo citaria Walter Mercado porque isso é claramente coisa de peixes com ascendente em peixes. Odeio peixes. E é claro que gostaria de entender, mas acho um pouco demais trocar uma oportunidade de relacionamento legal por uma tese no Mestrado da PUC. E ela é de aquário.

Há gente demais escrevendo sobre sentimento e há cada vez menos gente sentindo o sentimento. Estamos condenados a virarmos todos PhD em sentimentos que nunca de fato estão em nós, porque nos recusamos eternamente a ser objetos de estudos. Viramos nossa própria farsa. E aqui estou eu infelizmente tentando numa engenharia reversa reescrever a equação que a menina #66 criou para desistir de mim tão de repente, para tal qual um Albert Einstein achar a brecha, a variável que muda o sinal do gráfico para positivo (para mim) e sair na rua gritando EUREKA como um Arquimedes do Amor.

Ao transformar o amor nessa coisa científica, mercadológica e equacionável podemos estar matando a única arte que já sabemos fazer desde que nascemos: a arte de amar. Como uma Roberta Miranda reversa, sabemos mais o que dizer do que sentir. Tornamos o amor uma opção em vez de um combustível. O amadorismo no sentido mais amplo da palavra já não cabe nos esportes populares. Amar também é cada vez menos para amadores, por mais contraditório que pareça. Perdemos tempo fazendo blogs sobre isso e tentamos achar a tal fórmula do amor como aquela música dos anos 80, quando na verdade se a gente gostou mesmo da #66 a gente deveria estar conversando mais com a #66, ouvindo mais a #66 e apenas vivendo mais ao lado da #66, que um dia pode nem se dar conta, mas tinha esquecido daquela constante ali no canto chamada você e aplique na fórmula. Queremos resultados imediatos de calculadoras científicas, e não desconstruir paradigmas complexos em um processo de vivência e troca como Maiakovisk.

Nada mais de humanas que amar. Precisamos parar de tornar isso de exatas, já basta eles terem o dinheiro também.

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